sábado, 26 de março de 2011

Rennes: O futuro é o presente

Pra quem não conhece, a Copa Gambardella é a competição de base mais prestigiada do futebol francês. Digamos que equivale a “nossa” Copa São Paulo no quesito importância, porém com a disputa se estendendo por toda a temporada. Nas últimas nove edições, apenas uma equipe conseguiu conquistar esse título por mais de uma vez: o Rennes, em 2003 e 2008.

Esta superioridade não é mera coincidência. Quando François Pinault assumiu a presidência do clube, em meados de 2000, a academia de jovens estava completamente subutilizada. Diante dessa situação, Pinault não hesitou em quadruplicar os investimentos na base e agora colhe os frutos.

A geração campeã em 2008, por exemplo, só começou a ganhar espaço no time principal nesta temporada, casos de M’Vila, Brahimi, Souprayen, Théophile-Catherine e Camara. O grupo campeão em 2003 também foi de suma importância, mesmo porque se transformou no símbolo da nova filosofia do clube. Gourcuff, Briand, Faty e Bourillon foram os protagonistas daquele elenco, com destaque para os dois primeiros.

Cada uma destas gerações tem suas particularidades. A de 2003, por exemplo, foi moldada numa época em que o Rennes convivia com acumulação de dívidas, contratações mal planejadas e até mesmo a sombra do rebaixamento. A situação mudou com a chegada de Pinault, que estabeleceu um objetivo a médio/longo prazo para a nova política do clube: 50% dos jogadores do elenco principal formados da base.

Laszlo Bölöni foi o encarregado pela integração destes jovens ao time profissional. Gourcuff e Briand despontavam como as grandes promessas, mas diante das necessidades, os defensores Faty e Bourillon inicialmente foram os mais utilizados. Mvuemba e N’Guema, que também demonstravam alguma qualidade, foram aproveitados de maneira mais moderada – hoje o primeiro faz sucesso com a camisa do Lorient. Outros, como Jonathan Bru e Arthur Sorin, foram completas decepções.

O 4º lugar conquistado nas temporadas 2004-05 e 2006-07 foram os melhores resultados desta geração. Entretanto, na parte financeira, o Rennes não soube aproveitar o potencial de cada jogador. A venda de Gourcuff para o Milan por irrisórios 3,5 milhões de euros evidencia essa situação. Com Jimmy Briand, por exemplo, os Rouges arrecadaram seis milhões de euros na temporada passada.

Em 2008, os campeões da Copa Gambardella tiveram muito mais tempo para serem lapidados, mesmo porque o time principal conquistara a Copa da França e havia engatado uma série invicta de 18 partidas. Para não manter seus prodígios inutilizados, o clube adotou uma estratégia inteligente: cedeu-os para diversas equipes da Ligue 2 para ganhar experiência. À exceção do ótimo M’Vila, este processo aconteceu com todos. Apenas Le Tallec não tolerou tal condição e migrou para o Borussia Dortmund.

E foi a partir desta experiência que o clube analisou aqueles que tinham condições de serem aproveitados nas épocas seguintes. O meia-atacante Brahimi, no Clermont-Foot, e o lateral Souprayen, no Dijon, foram os que mais impressionaram. Outros, como Lasimant e Le Marchand, perderam espaço de forma definitiva. Théophile-Catherine e Camara, em menor proporção que os supracitados Brahimi e Souprayen, ainda faziam parte dos planos.

Mas é apenas na atual temporada que estes jovens assumem o papel de protagonistas. M’Vila, por exemplo, já assumiu inclusive a titularidade da seleção francesa. Brahimi e Souprayen integram o plantel sub-21 dos Bleus. A valorização do contrato de cada um desses atletas é parte integrante da filosofia do clube. Momentaneamente, o Rennes ocupa o 3º lugar e estaria classificado para a Champions League da próxima temporada. A distância para o líder Lille é de 5 pontos.

Um dos fatores básicos para que um projeto desta grandeza se concretize é acreditar na eficácia do mesmo num futuro próximo. Nesta temporada, os Rouges já desfrutam de um novo patamar. O futuro é ainda mais promissor, visto que essa geração ainda não atingiu seu potencial máximo. Não há dúvidas de que, à medida que este trabalho tenha continuidade, o Rennes tem tudo para se estabelecer como uma das forças do futebol nacional.

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