quarta-feira, 13 de abril de 2011

Hannover 96: a Champions é logo ali

Até a temporada passada, o Hannover 96 encontrava-se numa crise interminável. Desde o alívio de escapar do rebaixamento na última rodada com uma vitória sobre o Bochum e passando por contratações “furadas” como Arouna Koné e Elson, as coisas andavam de mal a pior. Abatido e sem perspectivas, o time ainda encontrava uma forma de superar psicologicamente a perda do capitão Robert Enke, também goleiro da seleção alemã, que se suicidou em novembro de 2009.

Entretanto, desde a confirmação da permanência na elite alemã, o Hannover emergiu das cinzas. Desde 1954, quando conquistou a Bundesliga pela segunda e última vez em sua história, o clube não fazia uma temporada tão brilhante. A equipe comandada por Mirko Slomka ocupa o terceiro lugar do Campeonato Alemão e, caso mantenha o posto, classifica-se para a Champions League 2011-12.

Desde quando retornou à primeirona, na temporada 2002-03, a melhor colocação do Hannover na Bundesliga foi um inexpressivo 8º lugar em 2007-08. Pelos números, não é muito difícil compreender que não se trata de uma das forças do país. Mesmo com um orçamento modesto, o clube se mantém estável a cada ano e agora se permite sonhar mais alto. Porém, a pergunta que fica é: será se o Hannover tem “pompa” para disputar uma competição europeia em alto nível?

Faltando cinco rodadas para o final, o Hannover (53) está um ponto a frente do atual campeão Bayern de Munique (52), que ocupa a quarta posição. Mesmo em boa situação, o time não faz contas em relação aos bávaros, e sim para o 6º colocado, até aqui o Nurnberg. Motivo? Classificam-se para competições europeias apenas os cinco primeiros na tabela. E aí a vantagem do Hannover é de 10 pontos, restando 15 em disputa. Ou seja, no mínimo, uma vaga na Europa League está encaminhada.

Contratado no início de 2010, o técnico Mirko Slomka é um dos grandes responsáveis por essa façanha. Dos reforços trazidos na janela de transferências, pouco se firmaram. O português Carlitos e o norte-americano Beasley, por exemplo, não são considerados titulares. Outros, como o zagueiro austríaco Pogatetz e o atacante norueguês Abdellaoue, hoje são peças fundamentais no esquema tático de Slomka.

Antes de mais nada, já deu pra perceber que o Hannover tem um time bastante “globalizado”. Pelo menos dentro das quatro linhas, a equipe se entende perfeitamente. O esquema tático é basicamente o 4-4-2 em linha, variando para o 4-2-3-1. Do time considerado titular, apenas cinco jogadores são alemães. Slomka deu uma nova cara ao time, tornando-o agressivo, envolvente, que não se intimida frente aos grandes. O time que só havia marcado 43 gols em 2009-10, nesta época já fez 42 em cinco jogos a menos.

A dupla de ataque formada pelo marfinense Didier Ya Konan e pelo supracitado Abdellaoue explica esse sucesso. Os dois somam nada menos que 22 gols, pouco mais da metade dos tentos marcados pela equipe. Outro trabalho do comandante foi corrigir o sistema defensivo, que havia sido o mais vazado da temporada anterior da Bundesliga. Cherundolo, Haggui, Pogatetz e Schulz disputaram praticamente todas as partidas. Apenas a disputa pela titularidade no gol continua em aberto: Fromlowitz ou Zieler.

Outra virtude de Slomka é a facilidade em mesclar juventude e experiência. Certamente o período em que coordenou as categorias de base do Hannover entre 1998 e 99 contribuiu nesse sentido. Com isso, jovens como Stoppelkamp, Schmiedebach e Stindl ganharam espaço e frequentemente aparecem no onze inicial. Contudo, o grande destaque é o /90 Konstantin Rausch, meia que atua deslocado pela esquerda e faz parte do selecionado sub-21 germânico, além de somar 3 gols e 4 assistências na liga.

A empolgação de atletas, comissão técnica e torcedores é evidente. Ya Konan diz que “se Deus permite essa oportunidade de disputar a Champions, eles tem de aproveitar”. O português Sergio Pinto vai além e afirma que “não há dúvidas de que o Hannover estará em uma competição continental na próxima temporada”. A torcida tem feito sua parte. No duelo do último sábado contra o Mainz, quase 50 mil pessoas lotaram as arquibancadas da AWD-Arena. Aliás, jogando em casa, o time possui a melhor campanha da liga, com 34 pontos, e acumula cinco vitórias seguidas.


Independente do torneio continental a ser disputado, o Hannover já começa a se preparar para a temporada seguinte. A diretoria trabalha com a possibilidade de, no mínimo, trazer quatro ou cinco reforços, todos “dentro da razão e do realismo”. O desmanche também precisa ser contido. Jogadores como Konan, Abdellaoue, Pinto e Rausch alcançaram relativo destaque e estão na mira de outras equipes. Ao que parece, o único nome certo fora do clube é o de Fromlowitz, que ainda não renovou seu contrato.

Entretanto, não basta chegar ao topo. É preciso tirar proveito do novo patamar alcançado, o que Wolfsburg e Stuttgart, alguns dos campeões alemães nesta década, não conseguiram fazer. Gastaram milhões e hoje brigam para não serem relegados à segundona. Por isso o Hannover deve aceitar o desafio sem tirar os pés do chão. A nível continental, dificilmente conquistará grandes resultados num futuro próximo, mas tende a crescer. E acumular experiência é o primeiro passo.

sábado, 2 de abril de 2011

Festa do interior!


Final de turno com casa cheia, jogo emocionante, polêmico...nem parece que estamos falando de Campeonato Amazonense. A festa protagonizada pelas torcidas de Penarol e Nacional nas arquibancadas do Floro de Mendonça, em Itacoatiara, foi uma prova de que o torcedor ainda nutre esperanças pelo futebol local. Foram mais de 2.500 pessoas (capacidade máxima) presentes no Florão.

Me arrisco a dizer que, atualmente, o Penarol é o clube mais bem estruturado do Amazonas. É um clube bem dirigido, conta com bons jogadores para o padrão do nosso futebol e tem uma torcida que comparece em peso em todas as partidas (e que deu um verdadeiro espetáculo na tarde de hoje). Em menos de um mês no comando, Uidemar Ferreira, ex-jogador do Flamengo, já conquista seu primeiro título no clube.

O Nacional também faz um bom trabalho, porém a diretoria agiu tardiamente na busca por reforços. Igor, Tairone, Felipe, Gauchinho e Catatau chegaram há pouco tempo e ainda se ambientam ao clube. No fim das contas, o título decidido no interior ficou por lá mesmo. O Penarol começou a partida com mais atitude. O trio Kitó, Charles e Thiago Verçosa deu trabalho no setor ofensivo e, Charles, um dos artilheiros da Série D do ano passado, abriu a contagem para os donos da casa.

Com a saída do lateral Celsinho, contundido, Uidemar optou pela entrada do meia Negretti. A alteração expôs o time e mexeu com o esquema tático. Num lance isolado, o Naça arrancou o empate com Santiago. Winck encontrou em Edinho Canutama, ainda longe de suas melhores condições físicas, a solução para os problemas ofensivos do time, que se movimentava pouco. E o artilheiro incomodou demais a defesa itacoatiarense, apesar de ter passado em branco.

O jogo caiu de produção na etapa final, mas o clima das arquibancadas continuava deixando a partida atrativa. No fim das contas, o heroi do duelo acabou vindo do banco de reservas. Uidemar apostou no atacante Marinho e, faltando pouco menos de dez minutos para o apito final, o suplente balançou as redes. A conquista ainda não definiu o Campeonato Amazonense, mas já garante o Penarol na Copa do Brasil do ano que vem.

Não custa lembrar que, ainda este ano, o Penarol estará na disputa da Série D. Assim como o América no ano passado (e, oremos, sem trapalhadas da FAF), o time tem condições de lutar pelo acesso. E ao contrário do Mecão, o clube terá um estádio para mandar seus jogos: o Floro de Mendonça, que terá sua capacidade ampliada para cinco mil pessoas. O título do Penarol também evidencia uma nova tendência no nosso futebol: a força do interior. E tudo que engrandeça o nosso futebol é bem vindo. Parabéns, Penarol!

sábado, 26 de março de 2011

Rennes: O futuro é o presente

Pra quem não conhece, a Copa Gambardella é a competição de base mais prestigiada do futebol francês. Digamos que equivale a “nossa” Copa São Paulo no quesito importância, porém com a disputa se estendendo por toda a temporada. Nas últimas nove edições, apenas uma equipe conseguiu conquistar esse título por mais de uma vez: o Rennes, em 2003 e 2008.

Esta superioridade não é mera coincidência. Quando François Pinault assumiu a presidência do clube, em meados de 2000, a academia de jovens estava completamente subutilizada. Diante dessa situação, Pinault não hesitou em quadruplicar os investimentos na base e agora colhe os frutos.

A geração campeã em 2008, por exemplo, só começou a ganhar espaço no time principal nesta temporada, casos de M’Vila, Brahimi, Souprayen, Théophile-Catherine e Camara. O grupo campeão em 2003 também foi de suma importância, mesmo porque se transformou no símbolo da nova filosofia do clube. Gourcuff, Briand, Faty e Bourillon foram os protagonistas daquele elenco, com destaque para os dois primeiros.

Cada uma destas gerações tem suas particularidades. A de 2003, por exemplo, foi moldada numa época em que o Rennes convivia com acumulação de dívidas, contratações mal planejadas e até mesmo a sombra do rebaixamento. A situação mudou com a chegada de Pinault, que estabeleceu um objetivo a médio/longo prazo para a nova política do clube: 50% dos jogadores do elenco principal formados da base.

Laszlo Bölöni foi o encarregado pela integração destes jovens ao time profissional. Gourcuff e Briand despontavam como as grandes promessas, mas diante das necessidades, os defensores Faty e Bourillon inicialmente foram os mais utilizados. Mvuemba e N’Guema, que também demonstravam alguma qualidade, foram aproveitados de maneira mais moderada – hoje o primeiro faz sucesso com a camisa do Lorient. Outros, como Jonathan Bru e Arthur Sorin, foram completas decepções.

O 4º lugar conquistado nas temporadas 2004-05 e 2006-07 foram os melhores resultados desta geração. Entretanto, na parte financeira, o Rennes não soube aproveitar o potencial de cada jogador. A venda de Gourcuff para o Milan por irrisórios 3,5 milhões de euros evidencia essa situação. Com Jimmy Briand, por exemplo, os Rouges arrecadaram seis milhões de euros na temporada passada.

Em 2008, os campeões da Copa Gambardella tiveram muito mais tempo para serem lapidados, mesmo porque o time principal conquistara a Copa da França e havia engatado uma série invicta de 18 partidas. Para não manter seus prodígios inutilizados, o clube adotou uma estratégia inteligente: cedeu-os para diversas equipes da Ligue 2 para ganhar experiência. À exceção do ótimo M’Vila, este processo aconteceu com todos. Apenas Le Tallec não tolerou tal condição e migrou para o Borussia Dortmund.

E foi a partir desta experiência que o clube analisou aqueles que tinham condições de serem aproveitados nas épocas seguintes. O meia-atacante Brahimi, no Clermont-Foot, e o lateral Souprayen, no Dijon, foram os que mais impressionaram. Outros, como Lasimant e Le Marchand, perderam espaço de forma definitiva. Théophile-Catherine e Camara, em menor proporção que os supracitados Brahimi e Souprayen, ainda faziam parte dos planos.

Mas é apenas na atual temporada que estes jovens assumem o papel de protagonistas. M’Vila, por exemplo, já assumiu inclusive a titularidade da seleção francesa. Brahimi e Souprayen integram o plantel sub-21 dos Bleus. A valorização do contrato de cada um desses atletas é parte integrante da filosofia do clube. Momentaneamente, o Rennes ocupa o 3º lugar e estaria classificado para a Champions League da próxima temporada. A distância para o líder Lille é de 5 pontos.

Um dos fatores básicos para que um projeto desta grandeza se concretize é acreditar na eficácia do mesmo num futuro próximo. Nesta temporada, os Rouges já desfrutam de um novo patamar. O futuro é ainda mais promissor, visto que essa geração ainda não atingiu seu potencial máximo. Não há dúvidas de que, à medida que este trabalho tenha continuidade, o Rennes tem tudo para se estabelecer como uma das forças do futebol nacional.

domingo, 20 de março de 2011

Di Natale: o goleador absoluto da Velha Bota

Ele nunca jogou em um clube de ponta, não é um jogador novo, mas sem sombra de dúvida, é um dos destaques do Calcio nas últimas duas temporadas. O nome dele? Antonio Di Natale, 33 anos, atacante da Udinese. Só 1,70 m e muito faro de gol. É o artilheiro da Serie A com 25 gols, cinco a mais que o uruguaio Edinson Cavani, do Napoli.

A equipe da tradicional cidade de Udine vive uma realidade diferente nesta temporada, ocupando o 4º lugar – muito mais expressivo do que o modesto 15º posto na última época. A única semelhança entre estes momentos opostos é o faro de gol apurado de Di Natale, que disputa rodada a rodada com Messi e Cristiano Ronaldo a chuteira de ouro da Europa.

Di Natale respira futebol desde pequeno. Torcedor fanático do Napoli e fã de Maradona, que explodia nos Partenopei na segunda metade da década de 80, nunca vestiu a camisa do clube do coração (e de sua cidade), surgindo em destaque para o futebol com a camisa do Empoli. Após ser emprestado para times inexpressivos, como Iperzola, Varese e Viareggio, ele ganhou prestígio no time Azzurri e, como consequência pelo seu bom futebol, foi chamado para a seleção italiana, dirigida por Giovanni Trapattoni até então. O debute pela Azzurra foi em 2002, num amistoso contra a Turquia.

Rebaixado com o Empoli, Di Natale não perdeu prestígio e transferiu-se para a Udinese em 2004, após 159 jogos e 49 gols marcados com seu antigo clube. Pela Udine, participou da grande campanha na temporada 04/05, a de sua estreia. Ao lado de Di Michele e Iaquinta no ataque, comandou o time bianconeri que terminou a Serie A em 4º lugar e se classificou para a Champions League.

Aos poucos, Di Natale foi se tornando o dono do time. Iaquinta saiu, Di Michele também...Quagliarella chegou. E foi com ele que Toto fez grande dupla na temporada 07/08, na qual marcou 17 gols, até então o seu recorde. No mesmo ano, ele foi nomeado capitão do time, liderança da qual desfruta até hoje.

Di Natale participou da fracassada campanha da Itália na Eurocopa de 2008, eliminada nas quartas-de-final pela campeã Espanha. Por sinal, no jogo contra a Fúria, que foi pros pênaltis, Di Natale desperdiçou uma das cobranças. O baixinho também esteve presente na última Copa do Mundo, mas fracassou junto com a sua seleção, eliminada ainda na primeira fase.

Artilheiro isolado da última Serie A com 29 gols, Di Natale repete a dose nesta temporada com 25 em 25 jogos (média de um por partida). Já se passaram 30 rodadas, mas Toto perdeu as cinco primeiras em virtude de uma contusão – coincidência ou não, a Udinese perdeu as quatro primeiras e empatou uma. Mas ao contrário da última época, quando Di Natale carregou o time praticamente nas costas, agora ele divide a responsabilidade com um muito mais inspirado Alexis Sánchez, que desandou a fazer gols.

Com um ataque muito mais produtivo, a Udinese tem o melhor ataque do Italiano com 56 gols (44,7% deles marcados por Di Natale). A equipe briga por uma vaga na Champions League da temporada seguinte, porém os mais otimistas já falam em título da Serie A. Considerando uma diferença de apenas 6 pontos para o líder Milan, não é nada irreal. E muito se deve a Di Natale, que faz um brilhante trabalho no clube há um bom tempo.

Após recusar proposta da Juventus na temporada passada, caso a Udinese se classifique para a UCL, Di Natale provavelmente fará parte dos planos. Isso porque o clube também encontra no chileno Sánchez a possibilidade de encher os cofres ao fim da temporada, mesmo com o artilheiro italiano ainda muito valorizado no mercado.

Dos jogadores em atividade, Di Natale é o sexto maior artilheiro da Serie A. E fique de olho, pois ele corre atrás de outro recorde: caso balance as redes 11 vezes nas oito partidas restantes, Toto iguala o italiano Gino Rossetti, do Torino (1928-29) como o maior artilheiro do campeonato nacional em apenas uma temporada. É difícil, mas não impossível para quem lidera uma das principais épocas da Udinese em toda sua história e já soma mais de 110 gols pelo atual clube.

sexta-feira, 18 de março de 2011

UCL e UEL: Prévia das quartas-de-final


As duas competições mais importantes do futebol europeu, Champions League e Europa League, conheceram os respectivos cruzamentos de suas quartas-de-final nesta sexta-feira. Antes de conferir as prévias de cada confronto, convido vocês a testemunharem um fato curioso acontecido ainda ontem, quando todos ainda não sabiam quais seriam os duelos. Bem, os da Champions eu já sabia (CLIQUE AQUI).

Champions League

Schalke 04 x Internazionale

Há 14 anos, também com favoritismo para os italianos, Schalke e Internazionale decidiam o título da extinta Copa da UEFA. Naquela ocasião, os alemães surpreenderam e levaram o trofeu pra casa. Além desta doce lembrança, os Azuis Reais também apostam no novo fôlego que a equipe ganhou com a chegada do técnico Ralf Rangnick, em substituição a Felix Magath. Só que desta vez fica difícil acreditar que a Inter, de Sneijder, Eto’o e Zanetti (que estava na decisão em 97), novamente tropece num conturbado time do Schalke, muito mal das pernas no Campeonato Alemão.

Manchester United x Chelsea

Os finalistas da Champions League 08/09 protagonizarão o grande clássico desta fase. A liderança da Premier League ilustra o ótimo momento vivido pelo Manchester United, que mesmo jogando apenas pro gasto nas últimas partidas, se impõe em relação as outras equipes. O Chelsea ainda tenta se encaixar, principalmente no setor ofensivo, onde Carlo Ancelotti ainda não encontrou o esquema tático ideal para Fernando Torres e Didier Drogba jogarem juntos. Os Red Devils devem levar a melhor.

Barcelona x Shakhtar Donetsk

Qualquer prognóstico contra o Barcelona é irreal neste momento, mas é bom não considerar este confronto definido. O Shakhtar tem uma equipe que já atua junta há várias temporadas e tem feito bonito no cenário europeu nesta época, liderando uma chave que contava com o Arsenal e vencendo duas vezes a Roma nas oitavas. Mudar seu estilo de jogo também não seria problema para os ucranianos. Mas como diria Ronaldinho Gaúcho: Barcelona é Barcelona. Certamente serão dois duelos de se apreciar.

Real Madrid x Tottenham

A torcida merengue implorava para o Barcelona não atravessar o caminho do Real Madrid tão precocemente. A preferência era pelo Schalke, do mítico Raúl, mas o sorteio colocou o Tottenham como adversário. Aliás, poderemos ter o superclássico espanhol já nas semifinais, caso Real e Barça se classifiquem. Mas o Spurs vem com moral: não levou gol do eficiente ataque do Milan em duas partidas e contará com Bale, Modric e o ex-merengue Rafael van der Vaart com 100% da forma física ideal. A decisão ficará pro White Hart Lane, e não se surpreendam caso o Tottenham leve a melhor.

Europa League

Braga x Dinamo Kiev

O confronto menos badalado das quartas da UEL evidencia as grandes forças da competição nesta temporada: o futebol português e o do Leste Europeu. O Braga faz uma temporada mediana na Liga Sagres, mas tem um time compacto e eliminou o Liverpool. Mas o Dinamo Kiev é fortíssimo jogando em casa, podendo levar uma boa vantagem para a partida de volta, em Portugal. Aposto no selecionado de Shevchenko e cia.

PSV Eindhoven x Benfica

Praticamente morto na briga pelo título do Campeonato Português, o Benfica deverá concentrar suas forças na Liga Europa e pode se dar bem. A legião de sul-americanos formada por Cardozo, Gaitán, Salvio e outros tem feito bonito e vai dar trabalho ao PSV, que aposta suas fichas no ótimo Dzsudzsák. Entretanto, como ainda precisa consolidar sua liderança na Eredivisie, deve abrir espaço para o Benfica entrar com maior motivação e levar a vaga.

Spartak Moscow x Porto

O Porto é o virtual campeão português e o Spartak Moscow iniciou a temporada russa só na semana passada. São dois times que jogam pra frente, e por isso a promessa é de muitos gols. Com a camisa do Dragão, Hulk já soma 29 gols na temporada. O Spartak aposta na dupla brazuca Alex e Welliton, que atropelou o Ajax nas oitavas-de-final.

FC Twente x Villarreal

O Villarreal concentra suas forças na briga pelo terceiro lugar do Campeonato Espanhol. O Twente está vivo na briga pelo título da Eredivisie. Conclusão: pra ambas as equipes, a Liga Europa é segundo plano. Os holandeses decidem em casa, mas os espanhois têm um time melhor e devem alcançar às semifinais. É o confronto mais imprevisível desta fase.

segunda-feira, 14 de março de 2011

O saco de pancadas da Ligue 1

Avignon é uma cidade francesa cercada de história. Ficou conhecida entre 1309 e 1377 como “Cidade Papal”, devido ao fato da mudança da residência do papa de Roma para Avignon. Mais de 600 anos se passaram e a cidade ainda reflete o impacto deste período histórico, através de inúmeras atrações. O rio Ródano e o tradicional festival de teatro de Avignon também contribuíram para que a cidade recebesse o título de “capital europeia da cultura” em 2000.

Razões não faltam para este povo se orgulhar de sua terra. A não ser que o assunto seja futebol. É bem verdade que a origem do Arles-Avignon está na província de Arles, mas no ano passado, o clube mudou-se para Avignon e adotou o nome da cidade vizinha. A partir da temporada 2006-07, os Leões fizeram história ao emplacarem três acessos em quatro anos, alcançando uma classificação inédita para a disputa da Ligue 1.

Só que um período turbulento estava por vir. Em 27 jogos até aqui, pasmem, o Arles-Avignon venceu apenas uma partida na elite francesa. UMA. Foi há quatro meses, quando o time aplicou 3 a 2 sobre o Caen. A equipe também possui o pior ataque, a pior defesa e o pior saldo da atual temporada da Ligue 1.

É uma sucessão de recordes negativos. Com 12 pontos, o time está próximo de se tornar o pior da história da competição. Essa marca pertence ao Brest, que somou 15 pontos em 1979-80, quando uma vitória ainda valia apenas dois pontos (com as regras atuais, a pontuação do Brest aumentaria pra 19). As oito derrotas nas oito primeiras partidas da Ligue 1 também se convertem em um recorde negativo do Arles.

O único recorde negativo que o Brest 79-80 supera o Arles-Avignon 10-11 é o número de pontos somados nas primeiras 27 rodadas. Enquanto o Arles-Avignon acumula 12 até aqui, o Brest só havia feito nove (que seriam dez no atual método de pontuação). O número de vitórias dos times neste período é o mesmo: apenas uma.

Diante de um aproveitamento beirando os 14%, o rebaixamento parece inevitável. Restam 33 pontos em disputa, mas a distância para o primeiro time fora da zona da degola, o Monaco, é de 17 (mais da metade da pontuação restante). Na temporada passada, por exemplo, o Saint-Etienne escapou da Ligue 2 com 40 pontos.

E ainda que pelas atuais circunstâncias seja praticamente impossível escapar do descenso nessa temporada com essa pontuação, a situação do Arles-Avignon já seria dramática: seria necessário obter 28 dos 33 pontos em disputa para o time escapar, ou seja, vencer 10 dos 11 jogos que restam. Para uma equipe que só venceu uma partida em 27, não é necessário falar muita coisa, né?

O rebaixamento já era previsível, mas não de uma maneira tão vexatória. O investimento do clube é incomparável ao das outras equipes, além do mesmo já ter atravessado diversos problemas administrativos. Um deles por pouco não impediu o time de ascender a Ligue 1, devido a irregularidades em sua gestão financeira.

Jogadores como Meriem, Rocchi, Ghilas e Kermorgant chegaram ao clube, mas nenhum convenceu. O destaque do time, o atacante marfinense Franck Dja Djédjé, além de não ser tecnicamente encantador, encontra-se lesionado – assim como Merville, Baldé, Germany, Diawara e Ben Idir.

Outros importantes na campanha do acesso, como Andre Ayew, Benjamin Psaume e Michel Estevan, não renovaram com o clube para a atual temporada. As grandes contratações para a temporada foram os gregos Basinas e Charisteas, campeões da Eurocopa em 2004, mas o primeiro teve seu contrato rescindido dois meses após sua chegada e o segundo disputou apenas seis partidas, transferindo-se para o Schalke.

E, por incrível que pareça, as expectativas futuras do clube estão longe de serem preocupantes. O projeto de construção de um centro de treinamento já está em andamento, enquanto a comemoração do centenário do clube já tem data marcada: 19 de dezembro de 2012, com direito a exposições, publicação de um livro com a história do clube e uma noite de gala com a presença de ex-jogadores e dirigentes.

Até lá, o Arles não deverá mais estar na Ligue 1, mas leva consigo uma lição para não repetir os mesmos erros em oportunidades futuras. De qualquer forma, a inédita experiência de enfrentar as melhores equipes do país também ficará na história do clube. E, acreditem, não apenas de uma forma negativa.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Tottenham 0x0 Milan – Análise


Jogando em casa com a vantagem de empatar por qualquer placar para se classificar, o Tottenham cozinhou o jogo contra o Milan e carimbou sua vaga nas quartas-de-final da Champions League pela primeira vez na história.

Harry Redknapp adotou uma estratégia cautelosa – e igualmente arriscada – para conter os rossoneri. Em seu habitual 4-4-1-1, o Tottenham deu espaço para o Milan ficar com a posse de bola e, apenas no seu campo de defesa, fazia uma marcação apertada e saía pros contra-ataques.

Aliás, à exceção de algumas escapadas de Lennon pela direita, os ingleses pouco ameaçaram o adversário, sobretudo pelas atuações abaixo da crítica de Modric e van der Vaart. Outro ponto negativo foi o time jogando excessivamente em função de Crouch, levantando muitas bolas na área e, consequentemente, explorando pouco a qualidade individual de seus armadores.

Já o Milan fez uma boa partida, mas pecou pela falta de agressividade. Na função de “regista”, uma espécie de primeiro volante que determina a saída de bola do time, Seedorf foi o grande destaque do time. Na ausência de Pirlo, o holandês já havia feito em algumas oportunidades esta função. Boateng retornou ao time titular, mas não como trequartista – função que Robinho vem executando muito bem.

Com uma linha ofensiva formada por Robinho, Pato e Ibrahimovic, o Milan ficou devendo, ainda que Gomes tenha feito diversas intervenções, consagrando-se como um dos destaques do jogo. Outro brasileiro que esteve impecável foi o volante Sandro, que se desdobrou no meio-campo do Tottenham do início ao fim da partida.



No segundo tempo, Allegri lançou Antonini e Strasser sem nenhuma necessidade – muito pela falta de opções no banco, é bem verdade. Do outro lado, Redknapp foi extremamente cauteloso. Primeiro colocou Bale na vaga de van der Vaart, trazendo Pienaar para o meio e liberando o galês (que pouco apareceu) pela esquerda. Depois sacou o próprio Pienaar para a entrada de Jenas, fechando ainda mais o meio e, no fim do jogo, trocou Crouch por Pavlyuchenko.

Conclusão: o Tottenham jogou com o regulamento debaixo do braço e fez valer a vantagem. O time tem capacidade de fazer muito mais do que fez nos dois jogos, mesmo porque jogadores como Modric, Bale e Vaart ainda recuperam a forma física ideal. Uma classificação sem brilho, porém justa. E não vejo as classificações de Schalke, Shakhtar e do próprio Tottenham como ‘demérito’ para a competição. Foram os melhores e mereceram classificar. Azar de quem ficou pelo caminho.