quarta-feira, 13 de abril de 2011

Hannover 96: a Champions é logo ali

Até a temporada passada, o Hannover 96 encontrava-se numa crise interminável. Desde o alívio de escapar do rebaixamento na última rodada com uma vitória sobre o Bochum e passando por contratações “furadas” como Arouna Koné e Elson, as coisas andavam de mal a pior. Abatido e sem perspectivas, o time ainda encontrava uma forma de superar psicologicamente a perda do capitão Robert Enke, também goleiro da seleção alemã, que se suicidou em novembro de 2009.

Entretanto, desde a confirmação da permanência na elite alemã, o Hannover emergiu das cinzas. Desde 1954, quando conquistou a Bundesliga pela segunda e última vez em sua história, o clube não fazia uma temporada tão brilhante. A equipe comandada por Mirko Slomka ocupa o terceiro lugar do Campeonato Alemão e, caso mantenha o posto, classifica-se para a Champions League 2011-12.

Desde quando retornou à primeirona, na temporada 2002-03, a melhor colocação do Hannover na Bundesliga foi um inexpressivo 8º lugar em 2007-08. Pelos números, não é muito difícil compreender que não se trata de uma das forças do país. Mesmo com um orçamento modesto, o clube se mantém estável a cada ano e agora se permite sonhar mais alto. Porém, a pergunta que fica é: será se o Hannover tem “pompa” para disputar uma competição europeia em alto nível?

Faltando cinco rodadas para o final, o Hannover (53) está um ponto a frente do atual campeão Bayern de Munique (52), que ocupa a quarta posição. Mesmo em boa situação, o time não faz contas em relação aos bávaros, e sim para o 6º colocado, até aqui o Nurnberg. Motivo? Classificam-se para competições europeias apenas os cinco primeiros na tabela. E aí a vantagem do Hannover é de 10 pontos, restando 15 em disputa. Ou seja, no mínimo, uma vaga na Europa League está encaminhada.

Contratado no início de 2010, o técnico Mirko Slomka é um dos grandes responsáveis por essa façanha. Dos reforços trazidos na janela de transferências, pouco se firmaram. O português Carlitos e o norte-americano Beasley, por exemplo, não são considerados titulares. Outros, como o zagueiro austríaco Pogatetz e o atacante norueguês Abdellaoue, hoje são peças fundamentais no esquema tático de Slomka.

Antes de mais nada, já deu pra perceber que o Hannover tem um time bastante “globalizado”. Pelo menos dentro das quatro linhas, a equipe se entende perfeitamente. O esquema tático é basicamente o 4-4-2 em linha, variando para o 4-2-3-1. Do time considerado titular, apenas cinco jogadores são alemães. Slomka deu uma nova cara ao time, tornando-o agressivo, envolvente, que não se intimida frente aos grandes. O time que só havia marcado 43 gols em 2009-10, nesta época já fez 42 em cinco jogos a menos.

A dupla de ataque formada pelo marfinense Didier Ya Konan e pelo supracitado Abdellaoue explica esse sucesso. Os dois somam nada menos que 22 gols, pouco mais da metade dos tentos marcados pela equipe. Outro trabalho do comandante foi corrigir o sistema defensivo, que havia sido o mais vazado da temporada anterior da Bundesliga. Cherundolo, Haggui, Pogatetz e Schulz disputaram praticamente todas as partidas. Apenas a disputa pela titularidade no gol continua em aberto: Fromlowitz ou Zieler.

Outra virtude de Slomka é a facilidade em mesclar juventude e experiência. Certamente o período em que coordenou as categorias de base do Hannover entre 1998 e 99 contribuiu nesse sentido. Com isso, jovens como Stoppelkamp, Schmiedebach e Stindl ganharam espaço e frequentemente aparecem no onze inicial. Contudo, o grande destaque é o /90 Konstantin Rausch, meia que atua deslocado pela esquerda e faz parte do selecionado sub-21 germânico, além de somar 3 gols e 4 assistências na liga.

A empolgação de atletas, comissão técnica e torcedores é evidente. Ya Konan diz que “se Deus permite essa oportunidade de disputar a Champions, eles tem de aproveitar”. O português Sergio Pinto vai além e afirma que “não há dúvidas de que o Hannover estará em uma competição continental na próxima temporada”. A torcida tem feito sua parte. No duelo do último sábado contra o Mainz, quase 50 mil pessoas lotaram as arquibancadas da AWD-Arena. Aliás, jogando em casa, o time possui a melhor campanha da liga, com 34 pontos, e acumula cinco vitórias seguidas.


Independente do torneio continental a ser disputado, o Hannover já começa a se preparar para a temporada seguinte. A diretoria trabalha com a possibilidade de, no mínimo, trazer quatro ou cinco reforços, todos “dentro da razão e do realismo”. O desmanche também precisa ser contido. Jogadores como Konan, Abdellaoue, Pinto e Rausch alcançaram relativo destaque e estão na mira de outras equipes. Ao que parece, o único nome certo fora do clube é o de Fromlowitz, que ainda não renovou seu contrato.

Entretanto, não basta chegar ao topo. É preciso tirar proveito do novo patamar alcançado, o que Wolfsburg e Stuttgart, alguns dos campeões alemães nesta década, não conseguiram fazer. Gastaram milhões e hoje brigam para não serem relegados à segundona. Por isso o Hannover deve aceitar o desafio sem tirar os pés do chão. A nível continental, dificilmente conquistará grandes resultados num futuro próximo, mas tende a crescer. E acumular experiência é o primeiro passo.

sábado, 2 de abril de 2011

Festa do interior!


Final de turno com casa cheia, jogo emocionante, polêmico...nem parece que estamos falando de Campeonato Amazonense. A festa protagonizada pelas torcidas de Penarol e Nacional nas arquibancadas do Floro de Mendonça, em Itacoatiara, foi uma prova de que o torcedor ainda nutre esperanças pelo futebol local. Foram mais de 2.500 pessoas (capacidade máxima) presentes no Florão.

Me arrisco a dizer que, atualmente, o Penarol é o clube mais bem estruturado do Amazonas. É um clube bem dirigido, conta com bons jogadores para o padrão do nosso futebol e tem uma torcida que comparece em peso em todas as partidas (e que deu um verdadeiro espetáculo na tarde de hoje). Em menos de um mês no comando, Uidemar Ferreira, ex-jogador do Flamengo, já conquista seu primeiro título no clube.

O Nacional também faz um bom trabalho, porém a diretoria agiu tardiamente na busca por reforços. Igor, Tairone, Felipe, Gauchinho e Catatau chegaram há pouco tempo e ainda se ambientam ao clube. No fim das contas, o título decidido no interior ficou por lá mesmo. O Penarol começou a partida com mais atitude. O trio Kitó, Charles e Thiago Verçosa deu trabalho no setor ofensivo e, Charles, um dos artilheiros da Série D do ano passado, abriu a contagem para os donos da casa.

Com a saída do lateral Celsinho, contundido, Uidemar optou pela entrada do meia Negretti. A alteração expôs o time e mexeu com o esquema tático. Num lance isolado, o Naça arrancou o empate com Santiago. Winck encontrou em Edinho Canutama, ainda longe de suas melhores condições físicas, a solução para os problemas ofensivos do time, que se movimentava pouco. E o artilheiro incomodou demais a defesa itacoatiarense, apesar de ter passado em branco.

O jogo caiu de produção na etapa final, mas o clima das arquibancadas continuava deixando a partida atrativa. No fim das contas, o heroi do duelo acabou vindo do banco de reservas. Uidemar apostou no atacante Marinho e, faltando pouco menos de dez minutos para o apito final, o suplente balançou as redes. A conquista ainda não definiu o Campeonato Amazonense, mas já garante o Penarol na Copa do Brasil do ano que vem.

Não custa lembrar que, ainda este ano, o Penarol estará na disputa da Série D. Assim como o América no ano passado (e, oremos, sem trapalhadas da FAF), o time tem condições de lutar pelo acesso. E ao contrário do Mecão, o clube terá um estádio para mandar seus jogos: o Floro de Mendonça, que terá sua capacidade ampliada para cinco mil pessoas. O título do Penarol também evidencia uma nova tendência no nosso futebol: a força do interior. E tudo que engrandeça o nosso futebol é bem vindo. Parabéns, Penarol!