sábado, 26 de março de 2011

Rennes: O futuro é o presente

Pra quem não conhece, a Copa Gambardella é a competição de base mais prestigiada do futebol francês. Digamos que equivale a “nossa” Copa São Paulo no quesito importância, porém com a disputa se estendendo por toda a temporada. Nas últimas nove edições, apenas uma equipe conseguiu conquistar esse título por mais de uma vez: o Rennes, em 2003 e 2008.

Esta superioridade não é mera coincidência. Quando François Pinault assumiu a presidência do clube, em meados de 2000, a academia de jovens estava completamente subutilizada. Diante dessa situação, Pinault não hesitou em quadruplicar os investimentos na base e agora colhe os frutos.

A geração campeã em 2008, por exemplo, só começou a ganhar espaço no time principal nesta temporada, casos de M’Vila, Brahimi, Souprayen, Théophile-Catherine e Camara. O grupo campeão em 2003 também foi de suma importância, mesmo porque se transformou no símbolo da nova filosofia do clube. Gourcuff, Briand, Faty e Bourillon foram os protagonistas daquele elenco, com destaque para os dois primeiros.

Cada uma destas gerações tem suas particularidades. A de 2003, por exemplo, foi moldada numa época em que o Rennes convivia com acumulação de dívidas, contratações mal planejadas e até mesmo a sombra do rebaixamento. A situação mudou com a chegada de Pinault, que estabeleceu um objetivo a médio/longo prazo para a nova política do clube: 50% dos jogadores do elenco principal formados da base.

Laszlo Bölöni foi o encarregado pela integração destes jovens ao time profissional. Gourcuff e Briand despontavam como as grandes promessas, mas diante das necessidades, os defensores Faty e Bourillon inicialmente foram os mais utilizados. Mvuemba e N’Guema, que também demonstravam alguma qualidade, foram aproveitados de maneira mais moderada – hoje o primeiro faz sucesso com a camisa do Lorient. Outros, como Jonathan Bru e Arthur Sorin, foram completas decepções.

O 4º lugar conquistado nas temporadas 2004-05 e 2006-07 foram os melhores resultados desta geração. Entretanto, na parte financeira, o Rennes não soube aproveitar o potencial de cada jogador. A venda de Gourcuff para o Milan por irrisórios 3,5 milhões de euros evidencia essa situação. Com Jimmy Briand, por exemplo, os Rouges arrecadaram seis milhões de euros na temporada passada.

Em 2008, os campeões da Copa Gambardella tiveram muito mais tempo para serem lapidados, mesmo porque o time principal conquistara a Copa da França e havia engatado uma série invicta de 18 partidas. Para não manter seus prodígios inutilizados, o clube adotou uma estratégia inteligente: cedeu-os para diversas equipes da Ligue 2 para ganhar experiência. À exceção do ótimo M’Vila, este processo aconteceu com todos. Apenas Le Tallec não tolerou tal condição e migrou para o Borussia Dortmund.

E foi a partir desta experiência que o clube analisou aqueles que tinham condições de serem aproveitados nas épocas seguintes. O meia-atacante Brahimi, no Clermont-Foot, e o lateral Souprayen, no Dijon, foram os que mais impressionaram. Outros, como Lasimant e Le Marchand, perderam espaço de forma definitiva. Théophile-Catherine e Camara, em menor proporção que os supracitados Brahimi e Souprayen, ainda faziam parte dos planos.

Mas é apenas na atual temporada que estes jovens assumem o papel de protagonistas. M’Vila, por exemplo, já assumiu inclusive a titularidade da seleção francesa. Brahimi e Souprayen integram o plantel sub-21 dos Bleus. A valorização do contrato de cada um desses atletas é parte integrante da filosofia do clube. Momentaneamente, o Rennes ocupa o 3º lugar e estaria classificado para a Champions League da próxima temporada. A distância para o líder Lille é de 5 pontos.

Um dos fatores básicos para que um projeto desta grandeza se concretize é acreditar na eficácia do mesmo num futuro próximo. Nesta temporada, os Rouges já desfrutam de um novo patamar. O futuro é ainda mais promissor, visto que essa geração ainda não atingiu seu potencial máximo. Não há dúvidas de que, à medida que este trabalho tenha continuidade, o Rennes tem tudo para se estabelecer como uma das forças do futebol nacional.

domingo, 20 de março de 2011

Di Natale: o goleador absoluto da Velha Bota

Ele nunca jogou em um clube de ponta, não é um jogador novo, mas sem sombra de dúvida, é um dos destaques do Calcio nas últimas duas temporadas. O nome dele? Antonio Di Natale, 33 anos, atacante da Udinese. Só 1,70 m e muito faro de gol. É o artilheiro da Serie A com 25 gols, cinco a mais que o uruguaio Edinson Cavani, do Napoli.

A equipe da tradicional cidade de Udine vive uma realidade diferente nesta temporada, ocupando o 4º lugar – muito mais expressivo do que o modesto 15º posto na última época. A única semelhança entre estes momentos opostos é o faro de gol apurado de Di Natale, que disputa rodada a rodada com Messi e Cristiano Ronaldo a chuteira de ouro da Europa.

Di Natale respira futebol desde pequeno. Torcedor fanático do Napoli e fã de Maradona, que explodia nos Partenopei na segunda metade da década de 80, nunca vestiu a camisa do clube do coração (e de sua cidade), surgindo em destaque para o futebol com a camisa do Empoli. Após ser emprestado para times inexpressivos, como Iperzola, Varese e Viareggio, ele ganhou prestígio no time Azzurri e, como consequência pelo seu bom futebol, foi chamado para a seleção italiana, dirigida por Giovanni Trapattoni até então. O debute pela Azzurra foi em 2002, num amistoso contra a Turquia.

Rebaixado com o Empoli, Di Natale não perdeu prestígio e transferiu-se para a Udinese em 2004, após 159 jogos e 49 gols marcados com seu antigo clube. Pela Udine, participou da grande campanha na temporada 04/05, a de sua estreia. Ao lado de Di Michele e Iaquinta no ataque, comandou o time bianconeri que terminou a Serie A em 4º lugar e se classificou para a Champions League.

Aos poucos, Di Natale foi se tornando o dono do time. Iaquinta saiu, Di Michele também...Quagliarella chegou. E foi com ele que Toto fez grande dupla na temporada 07/08, na qual marcou 17 gols, até então o seu recorde. No mesmo ano, ele foi nomeado capitão do time, liderança da qual desfruta até hoje.

Di Natale participou da fracassada campanha da Itália na Eurocopa de 2008, eliminada nas quartas-de-final pela campeã Espanha. Por sinal, no jogo contra a Fúria, que foi pros pênaltis, Di Natale desperdiçou uma das cobranças. O baixinho também esteve presente na última Copa do Mundo, mas fracassou junto com a sua seleção, eliminada ainda na primeira fase.

Artilheiro isolado da última Serie A com 29 gols, Di Natale repete a dose nesta temporada com 25 em 25 jogos (média de um por partida). Já se passaram 30 rodadas, mas Toto perdeu as cinco primeiras em virtude de uma contusão – coincidência ou não, a Udinese perdeu as quatro primeiras e empatou uma. Mas ao contrário da última época, quando Di Natale carregou o time praticamente nas costas, agora ele divide a responsabilidade com um muito mais inspirado Alexis Sánchez, que desandou a fazer gols.

Com um ataque muito mais produtivo, a Udinese tem o melhor ataque do Italiano com 56 gols (44,7% deles marcados por Di Natale). A equipe briga por uma vaga na Champions League da temporada seguinte, porém os mais otimistas já falam em título da Serie A. Considerando uma diferença de apenas 6 pontos para o líder Milan, não é nada irreal. E muito se deve a Di Natale, que faz um brilhante trabalho no clube há um bom tempo.

Após recusar proposta da Juventus na temporada passada, caso a Udinese se classifique para a UCL, Di Natale provavelmente fará parte dos planos. Isso porque o clube também encontra no chileno Sánchez a possibilidade de encher os cofres ao fim da temporada, mesmo com o artilheiro italiano ainda muito valorizado no mercado.

Dos jogadores em atividade, Di Natale é o sexto maior artilheiro da Serie A. E fique de olho, pois ele corre atrás de outro recorde: caso balance as redes 11 vezes nas oito partidas restantes, Toto iguala o italiano Gino Rossetti, do Torino (1928-29) como o maior artilheiro do campeonato nacional em apenas uma temporada. É difícil, mas não impossível para quem lidera uma das principais épocas da Udinese em toda sua história e já soma mais de 110 gols pelo atual clube.

sexta-feira, 18 de março de 2011

UCL e UEL: Prévia das quartas-de-final


As duas competições mais importantes do futebol europeu, Champions League e Europa League, conheceram os respectivos cruzamentos de suas quartas-de-final nesta sexta-feira. Antes de conferir as prévias de cada confronto, convido vocês a testemunharem um fato curioso acontecido ainda ontem, quando todos ainda não sabiam quais seriam os duelos. Bem, os da Champions eu já sabia (CLIQUE AQUI).

Champions League

Schalke 04 x Internazionale

Há 14 anos, também com favoritismo para os italianos, Schalke e Internazionale decidiam o título da extinta Copa da UEFA. Naquela ocasião, os alemães surpreenderam e levaram o trofeu pra casa. Além desta doce lembrança, os Azuis Reais também apostam no novo fôlego que a equipe ganhou com a chegada do técnico Ralf Rangnick, em substituição a Felix Magath. Só que desta vez fica difícil acreditar que a Inter, de Sneijder, Eto’o e Zanetti (que estava na decisão em 97), novamente tropece num conturbado time do Schalke, muito mal das pernas no Campeonato Alemão.

Manchester United x Chelsea

Os finalistas da Champions League 08/09 protagonizarão o grande clássico desta fase. A liderança da Premier League ilustra o ótimo momento vivido pelo Manchester United, que mesmo jogando apenas pro gasto nas últimas partidas, se impõe em relação as outras equipes. O Chelsea ainda tenta se encaixar, principalmente no setor ofensivo, onde Carlo Ancelotti ainda não encontrou o esquema tático ideal para Fernando Torres e Didier Drogba jogarem juntos. Os Red Devils devem levar a melhor.

Barcelona x Shakhtar Donetsk

Qualquer prognóstico contra o Barcelona é irreal neste momento, mas é bom não considerar este confronto definido. O Shakhtar tem uma equipe que já atua junta há várias temporadas e tem feito bonito no cenário europeu nesta época, liderando uma chave que contava com o Arsenal e vencendo duas vezes a Roma nas oitavas. Mudar seu estilo de jogo também não seria problema para os ucranianos. Mas como diria Ronaldinho Gaúcho: Barcelona é Barcelona. Certamente serão dois duelos de se apreciar.

Real Madrid x Tottenham

A torcida merengue implorava para o Barcelona não atravessar o caminho do Real Madrid tão precocemente. A preferência era pelo Schalke, do mítico Raúl, mas o sorteio colocou o Tottenham como adversário. Aliás, poderemos ter o superclássico espanhol já nas semifinais, caso Real e Barça se classifiquem. Mas o Spurs vem com moral: não levou gol do eficiente ataque do Milan em duas partidas e contará com Bale, Modric e o ex-merengue Rafael van der Vaart com 100% da forma física ideal. A decisão ficará pro White Hart Lane, e não se surpreendam caso o Tottenham leve a melhor.

Europa League

Braga x Dinamo Kiev

O confronto menos badalado das quartas da UEL evidencia as grandes forças da competição nesta temporada: o futebol português e o do Leste Europeu. O Braga faz uma temporada mediana na Liga Sagres, mas tem um time compacto e eliminou o Liverpool. Mas o Dinamo Kiev é fortíssimo jogando em casa, podendo levar uma boa vantagem para a partida de volta, em Portugal. Aposto no selecionado de Shevchenko e cia.

PSV Eindhoven x Benfica

Praticamente morto na briga pelo título do Campeonato Português, o Benfica deverá concentrar suas forças na Liga Europa e pode se dar bem. A legião de sul-americanos formada por Cardozo, Gaitán, Salvio e outros tem feito bonito e vai dar trabalho ao PSV, que aposta suas fichas no ótimo Dzsudzsák. Entretanto, como ainda precisa consolidar sua liderança na Eredivisie, deve abrir espaço para o Benfica entrar com maior motivação e levar a vaga.

Spartak Moscow x Porto

O Porto é o virtual campeão português e o Spartak Moscow iniciou a temporada russa só na semana passada. São dois times que jogam pra frente, e por isso a promessa é de muitos gols. Com a camisa do Dragão, Hulk já soma 29 gols na temporada. O Spartak aposta na dupla brazuca Alex e Welliton, que atropelou o Ajax nas oitavas-de-final.

FC Twente x Villarreal

O Villarreal concentra suas forças na briga pelo terceiro lugar do Campeonato Espanhol. O Twente está vivo na briga pelo título da Eredivisie. Conclusão: pra ambas as equipes, a Liga Europa é segundo plano. Os holandeses decidem em casa, mas os espanhois têm um time melhor e devem alcançar às semifinais. É o confronto mais imprevisível desta fase.

segunda-feira, 14 de março de 2011

O saco de pancadas da Ligue 1

Avignon é uma cidade francesa cercada de história. Ficou conhecida entre 1309 e 1377 como “Cidade Papal”, devido ao fato da mudança da residência do papa de Roma para Avignon. Mais de 600 anos se passaram e a cidade ainda reflete o impacto deste período histórico, através de inúmeras atrações. O rio Ródano e o tradicional festival de teatro de Avignon também contribuíram para que a cidade recebesse o título de “capital europeia da cultura” em 2000.

Razões não faltam para este povo se orgulhar de sua terra. A não ser que o assunto seja futebol. É bem verdade que a origem do Arles-Avignon está na província de Arles, mas no ano passado, o clube mudou-se para Avignon e adotou o nome da cidade vizinha. A partir da temporada 2006-07, os Leões fizeram história ao emplacarem três acessos em quatro anos, alcançando uma classificação inédita para a disputa da Ligue 1.

Só que um período turbulento estava por vir. Em 27 jogos até aqui, pasmem, o Arles-Avignon venceu apenas uma partida na elite francesa. UMA. Foi há quatro meses, quando o time aplicou 3 a 2 sobre o Caen. A equipe também possui o pior ataque, a pior defesa e o pior saldo da atual temporada da Ligue 1.

É uma sucessão de recordes negativos. Com 12 pontos, o time está próximo de se tornar o pior da história da competição. Essa marca pertence ao Brest, que somou 15 pontos em 1979-80, quando uma vitória ainda valia apenas dois pontos (com as regras atuais, a pontuação do Brest aumentaria pra 19). As oito derrotas nas oito primeiras partidas da Ligue 1 também se convertem em um recorde negativo do Arles.

O único recorde negativo que o Brest 79-80 supera o Arles-Avignon 10-11 é o número de pontos somados nas primeiras 27 rodadas. Enquanto o Arles-Avignon acumula 12 até aqui, o Brest só havia feito nove (que seriam dez no atual método de pontuação). O número de vitórias dos times neste período é o mesmo: apenas uma.

Diante de um aproveitamento beirando os 14%, o rebaixamento parece inevitável. Restam 33 pontos em disputa, mas a distância para o primeiro time fora da zona da degola, o Monaco, é de 17 (mais da metade da pontuação restante). Na temporada passada, por exemplo, o Saint-Etienne escapou da Ligue 2 com 40 pontos.

E ainda que pelas atuais circunstâncias seja praticamente impossível escapar do descenso nessa temporada com essa pontuação, a situação do Arles-Avignon já seria dramática: seria necessário obter 28 dos 33 pontos em disputa para o time escapar, ou seja, vencer 10 dos 11 jogos que restam. Para uma equipe que só venceu uma partida em 27, não é necessário falar muita coisa, né?

O rebaixamento já era previsível, mas não de uma maneira tão vexatória. O investimento do clube é incomparável ao das outras equipes, além do mesmo já ter atravessado diversos problemas administrativos. Um deles por pouco não impediu o time de ascender a Ligue 1, devido a irregularidades em sua gestão financeira.

Jogadores como Meriem, Rocchi, Ghilas e Kermorgant chegaram ao clube, mas nenhum convenceu. O destaque do time, o atacante marfinense Franck Dja Djédjé, além de não ser tecnicamente encantador, encontra-se lesionado – assim como Merville, Baldé, Germany, Diawara e Ben Idir.

Outros importantes na campanha do acesso, como Andre Ayew, Benjamin Psaume e Michel Estevan, não renovaram com o clube para a atual temporada. As grandes contratações para a temporada foram os gregos Basinas e Charisteas, campeões da Eurocopa em 2004, mas o primeiro teve seu contrato rescindido dois meses após sua chegada e o segundo disputou apenas seis partidas, transferindo-se para o Schalke.

E, por incrível que pareça, as expectativas futuras do clube estão longe de serem preocupantes. O projeto de construção de um centro de treinamento já está em andamento, enquanto a comemoração do centenário do clube já tem data marcada: 19 de dezembro de 2012, com direito a exposições, publicação de um livro com a história do clube e uma noite de gala com a presença de ex-jogadores e dirigentes.

Até lá, o Arles não deverá mais estar na Ligue 1, mas leva consigo uma lição para não repetir os mesmos erros em oportunidades futuras. De qualquer forma, a inédita experiência de enfrentar as melhores equipes do país também ficará na história do clube. E, acreditem, não apenas de uma forma negativa.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Tottenham 0x0 Milan – Análise


Jogando em casa com a vantagem de empatar por qualquer placar para se classificar, o Tottenham cozinhou o jogo contra o Milan e carimbou sua vaga nas quartas-de-final da Champions League pela primeira vez na história.

Harry Redknapp adotou uma estratégia cautelosa – e igualmente arriscada – para conter os rossoneri. Em seu habitual 4-4-1-1, o Tottenham deu espaço para o Milan ficar com a posse de bola e, apenas no seu campo de defesa, fazia uma marcação apertada e saía pros contra-ataques.

Aliás, à exceção de algumas escapadas de Lennon pela direita, os ingleses pouco ameaçaram o adversário, sobretudo pelas atuações abaixo da crítica de Modric e van der Vaart. Outro ponto negativo foi o time jogando excessivamente em função de Crouch, levantando muitas bolas na área e, consequentemente, explorando pouco a qualidade individual de seus armadores.

Já o Milan fez uma boa partida, mas pecou pela falta de agressividade. Na função de “regista”, uma espécie de primeiro volante que determina a saída de bola do time, Seedorf foi o grande destaque do time. Na ausência de Pirlo, o holandês já havia feito em algumas oportunidades esta função. Boateng retornou ao time titular, mas não como trequartista – função que Robinho vem executando muito bem.

Com uma linha ofensiva formada por Robinho, Pato e Ibrahimovic, o Milan ficou devendo, ainda que Gomes tenha feito diversas intervenções, consagrando-se como um dos destaques do jogo. Outro brasileiro que esteve impecável foi o volante Sandro, que se desdobrou no meio-campo do Tottenham do início ao fim da partida.



No segundo tempo, Allegri lançou Antonini e Strasser sem nenhuma necessidade – muito pela falta de opções no banco, é bem verdade. Do outro lado, Redknapp foi extremamente cauteloso. Primeiro colocou Bale na vaga de van der Vaart, trazendo Pienaar para o meio e liberando o galês (que pouco apareceu) pela esquerda. Depois sacou o próprio Pienaar para a entrada de Jenas, fechando ainda mais o meio e, no fim do jogo, trocou Crouch por Pavlyuchenko.

Conclusão: o Tottenham jogou com o regulamento debaixo do braço e fez valer a vantagem. O time tem capacidade de fazer muito mais do que fez nos dois jogos, mesmo porque jogadores como Modric, Bale e Vaart ainda recuperam a forma física ideal. Uma classificação sem brilho, porém justa. E não vejo as classificações de Schalke, Shakhtar e do próprio Tottenham como ‘demérito’ para a competição. Foram os melhores e mereceram classificar. Azar de quem ficou pelo caminho.

domingo, 6 de março de 2011

Castaignos: futuro homem-gol holandês

Texto publicado no antigo espaço do blog em 24.10.10 (e devidamente atualizado)

A Holanda é historicamente um berço de grandes centroavantes. Kluivert, van Nistelrooy e o lendário van Basten são alguns dos nomes que ilustram essa afirmação. Atualmente, a bola da vez é o promissor Luc Castaignos, de apenas 18 anos, atacante do Feyenoord e também da seleção sub-19 holandesa.

O jovem atacante tem uma história curiosa. Filho de pai francês e mãe cabo-verdiana, ele nasceu em Schiedam, no sul da Holanda, criado num bairro problemático e com um grande número de imigrantes, tais como seus pais. No futebol, desde os cinco anos fazia parte das canteiras do Excelsior Rotterdam, até ser descoberto em um torneio mirim e despertar o interesse do Sparta, clube que o levou com 13 anos.

Sua passagem pelo Sparta foi rápida. Aos 14 anos, ele passou a vestir as cores do Feyenoord, cujo time representa até o momento. O que impressiona é o fato de sua carreira ter decolado tão rapidamente. Com 15 anos, Castaignos já compunha o elenco sub-17 da Oranje, disputando a Euro sub-17 (vice-campeão) e também o Mundial Sub-17. Em ambos, conseguiu bastante destaque. Os números comprovam: ele simplesmente é o maior artilheiro da história da categoria sub-17 da seleção nacional.

Em 2008, Castaignos assinou seu primeiro contrato profissional com o Feyenoord. Foi utilizado em alguns jogos da temporada 09-10 e faz parte do atual plantel comandado por Mario Been. Nem a péssima campanha de seu time, que ocupa o 13º lugar, parece atrapalhar seu desenvolvimento. Nesta temporada, ele tem sido o grande alento do time, marcando 10 gols até aqui (29% dos gols do time na competição).

A titularidade é questão de tempo. Castaignos é um atacante raro. Apesar da altura (1,88m) e do bom porte físico, surpreende pela velocidade e explosão. Além disso, tem técnica, oportunismo e não é estático na área, podendo também fazer a função de ponta. Não é o tipo de jogador que desperdiça oportunidades e muito menos se esconde do jogo. Com o tempo, tem tudo pra amadurecer e corrigir alguns defeitos, como a dificuldade em finalizar com a perna esquerda. Futuramente, tem tudo pra se encaixar como referência no atual 4-2-3-1 da seleção principal.

O seu potencial não escapou aos olhares dos grandes clubes e o prodígio holandês já está de saída. Castaignos se juntará a Internazionale ao fim da temporada, atuando ao lado do compatriota Sneijder. Aproveitando a deixa, fique de olho em outro jovem atacante holandês: Ricky van Volfswinkel, artilheiro do Utrecht e integrante da seleção sub-21. A nova safra de jogadores da Laranja merece atenção. E não parece exagero dizer que Castaignos é o grande líder da fila.

quinta-feira, 3 de março de 2011

O último sobrevivente

Que o momento do futebol do norte não é dos melhores, todo mundo já sabe. E mais uma vez este panorama ficou escancarado, desta vez na primeira fase da Copa do Brasil. Dos nove nortistas que disputaram o torneio, apenas o paraense Paysandu segue na disputa (que eliminou outro nortista, o amazonense Penarol).

A situação é tão dramática que o Papão não inspira nenhuma confiança de que a região continuará sendo representada nas próximas fases da competição. O adversário agora é o Bahia, mas o grande rival do Paysandu tem sido o próprio time. A crise tem dominado o ambiente na Curuzu, muito pelo péssimo rendimento do bicolor, que em nove jogos na temporada, sofreu nada menos que 19 gols (compensados pelos 24 marcados, mas insuficientes para minimizar as críticas).

Após a derrota para o São Raimundo no último fim de semana pelo Parazão, o Paysandu disputava uma vaga na CB contra o Penarol podendo perder por até um gol de diferença. Abriu 2 a 0 e consolidou a classificação até os minutos finais. O desenho da reconciliação com a torcida era o mais perfeito possível, até o time amazonense marcar dois gols nos últimos três minutos de jogo e provocar a fúria do torcedor dos donos da casa, que vaiou muito o seu time após o apito final.

O empate não tirou a classificação do Paysandu, mas deve custar o emprego de Sérgio Cosme. Nos bastidores do clube, cresce a possibilidade de Givanildo Oliveira (novamente) assumir o comando da equipe. A diretoria ainda não se desfez do atual técnico, mas tratou de dispensar 11 jogadores nesta quinta-feira, incluindo alguns que sequer entraram em campo. O zagueiro Tinoco e o atacante Cleison Rato são os mais conhecidos.

Dois dos poucos jogadores que vem sendo poupados pela torcida são o meia Rafael Oliveira e o atacante Mendes. O primeiro é o artilheiro isolado do time no estadual, com 11 gols e já é cotado para transferir-se após o Parazão. O segundo é aquele velho conhecido de times como Juventude, Vitória e Bahia. Aliás, este é um dos atletas que mais interagem com a torcida, através do twitter.

O elenco ainda conta com figuras conhecidas como Alex Oliveira, ex-Vasco, o goleiro Ney, ex-Paraná (criticadíssimo pela torcida, que implora pela titularidade de Alexandre Fávaro) e, no banco de reservas, Sandro Goiano, ex-Grêmio e Vanderson “Pitbull”, ex-Vitória. É um time inconstante, sobretudo no setor defensivo, mas que com a chegada de um novo treinador, pode sofrer uma “chacoalhada”. Até o momento, nada que inspire confiança. Assim como o nosso futebol do norte.

Os eliminados

Rio Branco-AC (x Atlético/PR)
Trem-AP (x Náutico)
Fast-AM (x Fortaleza)
Penarol-AM (x Paysandu)
Águia de Marabá-PA (x Brasiliense)
Baré-RR (x Ponte Preta)
Vilhena-RO (x Avaí)
Gurupi-TO (x Paraná)