quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O futuro é o presente

- Laurent Blanc assumiu a França diante de uma crise imensurável. Juntar os cacos de uma seleção abalada psicologicamente pela eliminação ainda na primeira fase da Copa e pelas polêmicas extracampo seria uma missão ingrata. O retrato inicial era, basicamente, de uma equipe envelhecida, sem comando e desgastada pelos conflitos com a Federação Francesa de Futebol.

- Oito meses depois, o clima é bem mais ameno. À medida que ainda faz alguns ajustes pontuais, Blanc também está atento a jogadores jovens que despontam no cenário nacional. A vitória sobre o Brasil no amistoso de ontem indica que esta seleção evolui progressivamente, independente de qualquer circunstância do jogo, como a expulsão de Hernanes. Os franceses jogaram bem e foram merecedores do resultado.

- Em tese, Blanc manteve o 4-2-3-1 de Domenech, porém com uma organização tática
mais bem definida. A defesa visivelmente transmite mais segurança. Aliás, Rami e Mexès tiveram atuações impecáveis, com destaque para o primeiro, apalavrado com o Valencia para o meio do ano. A movimentação dos laterais determina a intensidade das jogadas pelos flancos: enquanto Abidal fica mais preso na esquerda, Sagna tem total liberdade para apoiar pelo outro lado.

- Aliás, na cobertura do lateral do Arsenal, um jovem jogador tem se destacado: Yann M’Vila. Francês de ascendência congolesa, ele foi considerado a grande revelação da Ligue 1 09-10 atuando pelo Rennes, onde permanece até hoje, mesmo cobiçado por grandes clubes da Europa. M’Vila coleciona passagens por todas as seleções de base dos Bleus e, mesmo com apenas 20 anos, vem se mostrando mais do que pronto para assumir tal responsabilidade.

- Na contensão, a juventude de M’Vila é mesclada com a experiência de Alou Diarra, do Bordeaux. À frente, uma linha de três armadores: Malouda atua aberto pela esquerda, mas sofre com a falta de companhia pelo setor. Do outro lado, o titular na partida de ontem foi Ménez, um dos melhores em campo, ratificando sua ótima fase vivida na Roma. Entretanto, a concorrência no setor ainda conta com Ribéry, Valbuena e Nasri, que no momento encontram-se lesionados.

- Gourcuff, uma espécie de meia mais centralizado, é a grande decepção da equipe. Contratado a peso de ouro pelo Lyon, fez apenas quatro gols na temporada e também encontra dificuldades para reencontrar seu futebol de alto nível na seleção. Outro que vive má fase em seu clube é o centroavante Karim Benzema, mas este vem correspondendo pelos Bleus: contra o Brasil, marcou o gol da vitória, obrigou Júlio César a intervir várias vezes e se movimentou muito bem.

- As opções de reposição também são interessantes. Na defesa, o lateral-esquerdo Clichy é uma alternativa para oferecer mais condição de jogadas trabalhadas por aquele flanco. O jovem Mamadou Sakho, do PSG, além de versátil (atua na lateral-esquerda e na zaga), tem feito uma temporada irretocável. Outro atleta promissor conta com a confiança de Blanc: o meia Matuidi, do Saint-Etienne.

- O ótimo Cabaye, do Lille, também vem sendo constantemente chamado. Seria interessante que Blanc também voltasse suas atenções para o promissor Marvin Martin, do Sochaux. Trata-se do líder isolado de assistências da Ligue 1, com dez. Dotado de muita técnica e excelente visão de jogo, é chamado pela imprensa francesa de ‘pequeno Xavi’.

- Para fazer sombra a Benzema na frente, o grande nome desta seleção é Guillaume Hoarau, autor de 10 gols nesta temporada pelo PSG. Contudo, os holofotes também merecem estar voltados para o prodígio Kevin Gameiro, de apenas 23 anos e autor de 11 gols na temporada pelo Lorient. Gameiro já foi cotado em equipes como Arsenal, Valencia e Villarreal, e muito em breve deverá estar atuando por uma equipe maior – e, quem sabe, colocar uma pulga atrás da orelha de Blanc.

- O Marseille também apresenta bons nomes para a posição. Loïc Rémy, de 24 anos, vem sendo bastante aproveitado, mesmo com o seu companheiro Gignac vivendo uma fase melhor. Muito provavelmente o segundo acabou marcado pela má campanha da França na Copa, mesmo não se envolvendo em nenhuma polêmica. De qualquer forma, também é um jogador novo (mesmos 24 anos de Rémy), e que pode ser reintegrado ao plantel francês a qualquer momento.

- Laurent Blanc indicou o futuro desta seleção numa recente entrevista. Admite que não conta com grandes jogadores no momento, porém acredita que os jovens possam colocar a seleção francesa à frente dos ganhos financeiros. É claro que a qualidade de um início de processo de renovação não é medida apenas pelos resultados, mas pela pressão vivida por esta seleção, é bom que eles apareçam com frequência. E Blanc mostra-se a pessoa certa para recolocar os Bleus nos eixos.

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