sábado, 19 de fevereiro de 2011

O dérbi helênico


Olympiacos e Panathinaikos fazem o grande dérbi do futebol grego. Para muitos, este também é um dos maiores clássicos do planeta. Exagero? Não para quem se aprofunda nessa história cheia de peculiaridades e que ganhou um capítulo especial neste sábado. No estádio Karaiskakis Stadium, casa do Olympiacos, os mandantes venceram por 2 a 1 e deram um enorme passo para a conquista do 38º título nacional da história do clube.

O clássico também tem uma história riquíssima em outros esportes, mas é no futebol que se encontra o ápice da rivalidade. Aliás, infelizmente esse duelo vem sendo ofuscado por atos de vandalismo dentro e fora de campo. No passado, os times representavam classes sociais muito distintas. O Panathinaikos possuía o apoio da classe média/alta de Atenas, enquanto o Olympiacos tinha a sua torcida concentrada na área portuária dos Pirineus, que reunia a classe trabalhadora (operária).

Atualmente a legião de fãs dos clubes é praticamente igual socialmente, ambas apoiadas por fortes grupos econômicos e políticos. E quando o assunto é título, o Olympiacos leva vantagem. O clube possui 37 títulos gregos e 24 Copas da Grécia, enquanto o Panathinaikos soma 20 conquistas nacionais e 17 Copas - números não menos expressivos.

Ainda que o atual campeão grego seja o Panathinaikos, a supremacia nos últimos anos inquestionavelmente pertence ao Olympiacos, que desde a temporada 1996-97, só deixou dois títulos escaparem de suas mãos, ambos para o maior rival (nas temporadas 2003-04 e 2009-10). São 12 canecos nos últimos 14 anos, e a marca está muito próxima de ser ampliada. Na atual época, o OLK lidera a Superleague com 60 pontos, dez a mais que o vice-líder Panatha.

Defendendo a liderança, o Olympiacos entrou em campo como favorito para o clássico. Os comandados do espanhol Ernesto Valverde mantiveram o sistema tático 4-2-3-1, mas com o desfalque do brasileiro Dudu Cearense na meiuca. Riera, Fuster e o artilheiro Mirallas eram responsáveis por municiar o centroavante argelino Djebbour, contratado junto ao AEK por empréstimo e com opção de compra.



Escalado no 4-3-3 pelo português Jesualdo Ferreira, que recentemente dirigiu Porto e Málaga, o Panathinaikos, de Gilberto Silva, adotou uma postura cautelosa nos primeiros minutos, apostando nos contra-ataques municiados por Leto e principalmente Ninis pelos dois flancos. Só que o cuidado deu lugar ao desespero quando Mirallas abriu o placar para os donos da casa, aproveitando rápida cobrança de falta.

Na etapa final, o jogo foi dominado pelo Panathinaikos, que lutava a todo custo pelo empate. Os volantes Katsouranis e Karagounis adiantaram-se, isolando Gilberto Silva na contensão e participando da saída de bola para que ela chegasse redondinha aos três atacantes. A pressão funcionou e o gol de empate veio com Leto. E pela situação dos dois times na tabela, era compreensível que o Panatha continuasse se arriscando.

E como clássico sem polêmica não é clássico, os injustiçados da vez foram os jogadores ‘verdes’. O árbitro anulou um gol legal de Katsouranis nos últimos dez minutos de partida, quando Torosidis já havia sido expulso por agredir Leto e deixado o Olympiacos com um jogador a menos. Aos 44 minutos, Valverde colocou Zairi na vaga de Riera. Parecia uma alteração tardia, mas decidiu a partida. Em jogada de Zairi, Djebbour aproveitou confusão na área e empurrou pras redes.

Festa da torcida vermelha e branca que lotou as arquibancadas, fez festa, e infelizmente, também provocou confusão. Além de atrasar o início da partida e atirar sinalizadores no meio do jogo, os torcedores do Olympiacos invadiram o gramado após o apito final para...agredir os jogadores do Panathinaikos. Sim, eles poderiam estar vibrando com seu time, líder isolado do campeonato nacional, mas optaram pelo caminho da violência e do vandalismo. Cenas lamentáveis e que infelizmente estão virando corriqueiras no mundo da bola.

Entre os jogadores dos dois times, o clima também não foi ameno. Ao que parece, Torosidis e Leto trocaram farpas também no vestiário. E a impressão que se tem é que o clássico ainda não acabou. Gilberto Silva esbravejou no twitter e Cissé declarou em entrevista coletiva que esses são seus últimos três meses no Panathinaikos, dado os acontecimentos recentes. Mais uma vez com um asterisco, Olympiacos e Panathinaikos protagonizaram um grande duelo.

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