
Existe uma “cultura” no futebol, principalmente (pra não dizer apenas) aqui no Brasil, que me deixa profundamente irritado. Desculpe se estou generalizando, mas por que o torcedor brasileiro sempre crucifica um ou outro jogador pela perda de uma partida?
Roberto Carlos está deixando o Corinthians alegando sofrer ameaças por telefone – não só ele, mas também parte de sua família – e perseguição nas ruas. Tudo por causa do vexame do Timão frente ao Tolima na Libertadores. E os fatos nem precisam ser atestados: a postura daqueles que se dizem “torcedores” precisa mudar.
Na verdade, isso não é consequência da eliminação do time na competição sul-americana. Faz parte de uma unanimidade burra do torcedor e alimentada até mesmo pelos veículos de comunicação: a arte de achar um culpado pra tudo. Até quando vamos tolerar tal comportamento?
Com a eliminação concretizada, a imprensa tratou de achar os responsáveis pelo vexame. Roberto Carlos, Ronaldo, Cachito Ramirez e o técnico Tite foram os alvos. Todos merecedores de críticas, sem sombra de dúvida. Porém, assim como muitos outros na história do futebol, marcados como os únicos vilões numa derrota. É tão complicado admitir que o Corinthians perdeu como um todo? Ronaldo e Roberto sentem na pele o preço de serem os grandes nomes da equipe. Glorificados no auge, crucificados nas crises. E sem piedade.
As cenas de vandalismo vistas no último fim de semana não são retrato apenas da conivência das autoridades com tais barbaridades, mas também das pessoas que alimentam a cultura de escolher um culpado numa derrota. Parece a maneira mais adequada de esconder problemas internos, que vão muito além da limitação de uma equipe. Já passou da hora de dar um basta nesse comportamento.
A ignorância do torcedor brasileiro – Parte II
No amistoso realizado na última quarta, o Brasil foi derrotado pela França por 1 a 0 no Stade de France. Ao invés de criticar a postura do time como um todo, adivinha o que imprensa e torcedores trataram de fazer? Achar um culpado, claro. E não foi uma tarefa difícil. Hernanes, expulso após cometer falta violenta e desnecessária em Benzema na linha do meio-campo, ainda no primeiro tempo, foi o escolhido.

Óbvio que o cartão vermelho foi determinante para o andamento do jogo. O Brasil se retraiu e a França assumiu o controle da partida. Mas a nossa seleção poderia ter vencido com um jogador a menos? Claro que sim. Assim como poderia ter perdido com Hernanes em campo. Parece óbvio, mas para muitos, a compreensão é difícil. Hernanes errou, mas não foi o responsável pelo tropeço. Ou isso explica a apatia da equipe durante os 90 minutos?
Resultado: os mesmos que cansaram de pedir Hernanes na seleção quando este se destacava pelo São Paulo, agora o tratam como o ‘Anderson Silva dos gramados’. Uma pena, pois se trata de um jogador com muito talento, que faz uma excelente temporada com a Lazio e nada havia feito anteriormente em toda a carreira para ser rotulado como desleal. Hernanes é apenas mais uma vítima de uma cultura que precisa ser extinta no futebol. Pense nisso.
Eu já não gosto de escolher um determinado jogador como único responsável por um título, imagina por um fracasso...
ResponderExcluirAgora, é o fim da picada achar um culpado por uma derrota num amistoso, pelamodedeus! Eu até twittei isso, os caras que o chamam de "Anderson Silva dos gramados" deviam procurar mais uns 5 lances violentos do Hernanes. Que procurem sentados, vai demorar...